segunda-feira, 28 de abril de 2008

A Santa Missa e os humorísticos da TV


É, tá certo que à primeira vista a comparação é absurda. Diria até que é bem besta, mas quer semelhança maior entre um programa humorístico e uma missa?
Vou explicar.
Depois da empolgação com as novidades do Concílio Vaticano II e seu aggiornamento, os sacerdotes que outrora não podiam inovar na Santa Missa, agora poderiam celebrá-la a seu modo. E não foi nem isso o que o concílio determinou, e sim a interpretação que muitos clérigos tiveram do mesmo.
Antigamente a Missa era da mesma forma tanto no Brasil quanto na China - e em latim, com o sacerdote “de costas para o povo”. As músicas eram de um tom tão solene, em canto gregoriano, que muitos bocejavam, mas é claro que a culpa não é do canto em si, e sim da pessoa.
Em latim ninguém entendia nada, além da celebração ser muito “parada”, sem falar que nenhum fiel dela participava. Parecia um velório! E queriam o fim do latinório.
Depois disso não, os padres começaram a estimular a participação do povo, com palmas, guitarras, baterias, e muita dancinha, teatrinho, piadas...
“Com a missa em português o povo vai entender”.
Entretanto, o tiro do aggiornamento, do diálogo com o mundo moderno, saiu pela culatra.
Para não perder os fiéis para as seitas, muitos padres começaram a perder o sono, pois a criatividade foi pro beleléu.
E dá-lhe padres-galãs (para cativar as mocinhas), padres-piadistas (para agradar a juventude), padre-surfista (“Deus é 10”, lembra?) e padre-cristotequeiro (“porque Cristo também pode ser louvado num putz-putz). Agora tem até padre-voador, para chegar mais rápido para o Céu...
É por isso que comparo a Missa Tridentina com o Chaves, e a Missa Nova com o Zorra Total.
O Chaves, com sua fórmula considerada por muitos como ultrapassada, ainda é transmitido, muitos anos depois de sua última gravação, em diversos países da América Latina. As piadas repetidas, bobas, aquele bando de adultos vestidos e agindo como crianças tontas é, apesar de tanto tempo, uma referência única, quando se trata de humorismo. Tanto que suas piadas ainda têm alguma graça, apesar de decoradas pelo telespectador.
Já o Zorra Total, com seu não menos velho formato de piadinhas rasteiras e sem graça, mulher pelada, e apelação, mais parece com a Missa Nova, onde muitos padres inventam, inventam e inventam, cansando os corações mais zelosos na fé.
Digo que se parece com a Missa Nova mais por culpa de quem a celebra, nem tanto por culpa do papa Paulo VI que a liberou, e nem mesmo de Bugnini, que a idealizou.
Existem, então, as Missas do vaqueiro, afro, indígena e dos pampas, e o povo ainda tem sede do sagrado.
Missas com muito oba-oba, como as do Pe. Marcelo Rossi, acabam enjoando, porque sempre vemos os mesmos artistas cantando lá: KLB, Chitãoró e Xorãozinho, Bruno e Marrone, Sandy & Junior, etc. O próprio Pe. Marcelo já se vestiu de “mano da periferia”, com uma touquinha de maloqueiro e uma camisa de goleiro – camisa original, diga-se de passagem, porque mano que é mano não pode usar camisa vendida em barraca de marreteiro.
É por essas e outras que eu prefiro o Chaves mesmo: é bobo, sem-noção, mas dá para todos assistirem, ao contrário do ‘Zona’ Total: cansativo, sem graça, nem sempre dá para todos assistirem, e que sempre precisa inovar, com as velhas, apelativas e desgastadas fórmulas para se fazer rir.
E gostaria de ter o privilégio de assistir (não participar) de uma Missa Tridentina, sem inovações, sem cantores estridentes, sem “batéra”, mas com Deus como meta, e não o homem.
Pena que na minha diocese (Sobral - CE) nenhum padre a celebre - quem me contou foi o próprio bispo diocesano, D. Fernando Saburido, OSB.


Um comentário:

Anônimo disse...

Evandro sou sua Fã!!!